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Porto das Lajes do Pico: passado, presente e futuro

 

Sábado de Lurdes é um dos dias grandes da Semana dos Baleeiros.

Sempre assim foi, devido à realização de regatas de botes a remos e à vela, e quando a festa se limitava ao novenário, a um tradicional arraial e, no domingo, à Missa de Festa e procissão que já se celebra há cerca de 130 anos.    As regatas eram aguerridas e muito apreciadas competições, pois confirmavam a força braçal dos remadores e as técnicas de navegação à vela dos vilas, dos ribeiras, dos calhetas e de são mateus. Os vencedores eram reconhecidos como heróis, e realçava-se os seus feitos sempre em altas e vigorosas discussões em que se alumiava os melhores oficiais, trancadores e remadores.

Na génese da devoção dos antigos baleeiros à Virgem aparecida em Lourdes, França, as tormentas das tripulações das frágeis embarcações, quando da entrada no porto das Lajes, em dia de mar tempestuoso. Com o passar dos anos, a religiosidade e a fé fortaleceram-se, porque continuaram os perigos sempre que os botes se lançavam ao mar para a caça à baleia.

Em Novembro de 1987, foi caçada a última baleia, um macho com 16 metros, trancado por Manuel Macedo de Brum (Portugal).

Desde então, o porto das Lajes do Pico não mais viveu momentos de aflição, nem o entusiasmo de ver quem primeiro partia para chegar ao local onde os cetáceos haviam sido avistados pelo vigia.

Extinta a baleação que se pode revisitar no Museu dos Baleeiros, iniciou-se o whale-watching. Anualmente, vêm às Lajes largas centenas de visitantes, pois o sul do Pico é considerado o santuário  das baleias dos Açores.

A proteção costeira da Vila, velha aspiração da população, foi atendida, e permitiu um apreciável espelho d'água. Na lagoa interior do porto, procedeu-se ao desaçoriamento e ordenamento do espaço, construindo novas estruturas  destinadas às embarcações de pesca, de recreio, marina e observação de cetáceos.

O crescimento de todas estas atividades exige, atualmente, um novo olhar, mais cuidado, das entidades competentes.

É que, barcos de outros portos varam ali, por razões de segurança; os velhos barcos de boca aberta, a remos, deram lugar a embarcações cabinadas com mais de 10 toneladas que exigem o funcionamento do « travel-lift », avariado, incompreensivelmente, há cerca de três meses; as capturas aumentaram.

Desde que, em 2009, os melhoramentos no porto entraram em funcionamento, tem crescido, de ano para ano, a procura de iates pela marina das Lajes do Pico.

Este ano terão ali aportado 60 iates, o dobro do ano passado. A maioria tem nacionalidade francesa e belga e outros mais ali teriam acostado, não fosse a reduzida capacidade de atracagem.

Na verdade, a marina das Lajes do Pico dispõe apenas de 3 pontões com 27 « fingers ». Por isso é que, este ano, 30 iates viram recusados os seus pedidos para aportarem à Vila Baleeira dos Açores, onde as embarcações podem abastecer de água, combustíveis e bens alimentares.

E se não houvesse um certo « silêncio sobre a qualidade do porto », por certo, outras embarcações de recreio optariam por passar alguns dias no sul da ilha Montanha.

Os iatistas que vêm às Lajes, valorizam o atendimento e a familiaridade como são recebidos e o silêncio envolvente.

O espaço disponível do porto já não permite uma resposta satisfatória às atividades que ali estão instaladas: o núcleo de pesca já é pequeno e os pontões de recreio náutico não podem crescer.

A solução está, já por diversas vezes foi afirmado, na instalação do porto de recreio náutico no espaço entre o Caneiro e a muralha de defesa da Vila. Aí há espaço para essa e outras valências que o futuro dirá.

Parar é morrer. Se o turismo é uma aposta no desenvolvimento económico, não se pode menosprezar a excelente localização das Lajes do Pico na atividade do « whale-watching » e na rota dos iates.

Os maiores investimentos marítimos já foram realizados, e abriram novas perspetivas de futuro. Resta agora, desaçoriar os fundos e colocar mais pontões na lagoa exterior do porto.

Neste dia de memórias baleeiras, em que 34 botes, com tripulações masculinas e femininas, vão disputar regatas a remos e à vela, falar da ampliação do Porto das Lajes traz-nos à memória visitas de ministros das obras públicas que nunca se mostraram sensíveis às aflições dos baleeiros quando regressavam da arriscada faina baleeira. Por isso recorreram a Nossa Senhora de Lourdes.

Presentemente, os governantes estão próximos, compreendem mais facilmente as situações e resolvem as velhas e justificadas aspirações.
É por isso que os lajenses aguardam, confiantes.


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